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Do Convento para o Evangelho
Testemunho da Irmã Charlotte Keckler
Ex-freira que fugiu de um convento de clausura

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Parte 1

Charlotte Keckler nasceu em 12 de abril de 1889, e morreu em setembro de 1983, aos 94 anos. Morou  algum tempo em Boston, Massachusetts. Sua última residência foi em Napa, na Califórnia.
O que  apresentamos aqui foi transcrito da gravação em áudio de uma das ocasiões em que ela contou o seu 
testemunho em público.

Cresci em um devoto lar católico romano. Embora nosso lar contivesse muitos itens religiosos, não 
havia uma Bíblia. Consequentemente, nunca ouvimos sobre o maravilhoso plano de salvação, pela fé no
Senhor Jesus. Ninguém nunca me explicou que eu apenas tinha que convidá-lo para entrar no meu 
coração e pedir que me salvasse de todos os meus pecados, para que nascesse de novo:

Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei e cearei com ele, e ele comigo.
Apocalipse 3:20



Em vez disso, o que eu sabia era apenas o que tinham me ensinado nos catecismos e instituições que eu
frequentava assiduamente.

Eu tinha um profundo amor e devoção a um Deus que eu não conhecia pessoalmente, mas que ansiava
em entregar toda a minha vida a ele. De acordo com o ensinamento que eu tinha recebido, para alcançar 
isso, era preciso me tornar freira e ingressar em um convento. Meu pároco e as freiras que ensinavam na
minha escola paroquial incutiram essa ideia em mim.

Lembro muito bem do dia em que duas freiras da minha escola paroquial, junto com o sacerdote,
acompanharam-me até em casa, para terem uma conversa com meus pais. Na minha família, as crianças 
não interrompem os mais velhos, mas pedem para falar. Quanto tive permissão para falar, eu só disse
isso a meu pai: "Papai, quero ir para o convento". Meu pai e minha mãe choraram de alegria, pois eles
tinham sido doutrinados para crer que dar uma filha para o convento era um grande serviço a Deus.

Eles ficaram emocionados que uma das suas filhas tinha decidido dar a vida ao convento, a fim de rezar 
pela humanidade perdida. Soava tão emocionante e religioso, mas nenhum de nós tinha ideia do que
estava envolvido em tudo isso. Eu e meus pais tínhamos sido manipulados com astúcia por recrutadores
cuidadosamente treinados, representantes do sistema da Igreja Católica Romana, em quem confiávamos.
Nem por um instante suspeitamos que, por detrás das portas do convento, estão o engano, a mentira e o 
horror. Nós acreditávamos no que nos ensinaram. Como ovelhas, fomos levados para o matadouro, sem
ter consciência do destino que nos tinha sido planejado.

Doze meses se passaram, e 1910 chegou, ano em que eu ia sair de casa. Minha mãe e eu estávamos
ocupadas com os preparativos. O sacerdote disse que não tinha vaga para mim perto de casa. Por isso,
meus pais tiveram que me levar para uma escola de freiras que ficava bem longe. Tinham se passado
três meses do meu aniversário de treze anos. Eu era uma criança imatura, que estava sendo tirada dos
meus pais em um momento importante do meu crescimento.

Eu nunca tinha ficado distante dos meus pais, nem mesmo uma noite. Quando eles foram embora,
depois de terem ficado comigo por três dias, fui invadida por uma dolorosa solidão e saudade de casa. 
Durante todo o planejamento da mudança, não percebi que estava prestes a me separar dos meus pais,
para nunca mais vê-los novamente. Eu estava me sentindo miserável e infeliz. 

Os sacerdotes católicos selecionam crianças no confessionário e começam a plantar nelas a semente
para levá-las aos conventos e ao sacerdócio. Quando tinha sete anos, eu ia direto para a imagem da
Virgem Maria quando entrava na igreja para rezar, acreditando que ela iria me ajudar a fazer uma boa 
confissão.   Meu   coração   de   criança   era   por   demais   honesto   e   o   sacerdote   sempre   enfatizava veementemente a necessidade de fazer uma boa confissão. Não podíamos deixar de contar nada se  quiséssemos a absolvição dos nossos pecados.

Entrei para a chamada ordem aberta, até receber o véu branco, na idade de dezesseis anos e meio. Tudo 
era lindo, e eu não tinha medo ou dúvidas na minha mente. As coisas que me ensinavam estavam de
acordo com o que me tinham dito antes de entrar no convento. Não havia nenhum motivo para suspeitar
que havia muitas áreas ocultas que tinham sido intencionalmente distorcidas.

Pouco tempo depois de ter entrado para o convento, retomei os meus estudos. Eu tinha recém concluído
o ensino fundamental, e eles prometeram que eu iria ingressar no ensino médio e na faculdade. Mas não 
foi assim. A dura e dificultosa educação que recebi não foi muito além do ensino médio e da preparação 
para ser freira. Fui posta no crucial treinamento requerido a todas as noviciadas que ingressavam no
convento.

Seis meses antes de completar catorze anos, a Madre Superiora começou a me incentivar a receber o véu
branco. Ela fez aquilo parecer tão glamouroso, romântico e fascinante: usando um lindo vestido de 
noiva, eu receberia o véu. Uma verdadeira cerimônia de casamento estaria acontecendo. Eu receberia
uma aliança e me tornaria a noiva de Cristo. Não era difícil uma adolescente impressionável concordar
com aquilo.

A Madre Superiora então escreveu ao meu pai, dizendo a quantia em dinheiro que ele deveria mandar
para a compra do meu vestido de noiva. Apesar de ele ser rico, era uma quantia considerável. Fiquei
sabendo mais tarde que era costume pedir de três a cinco vezes a mais o valor do vestido. As freiras
compraram o material e fizeram elas próprias a vestimenta, para que o custo fosse reduzido e o resto do
dinheiro fosse embolsado. Nenhuma oportunidade de arrecadar dinheiro dos fieis era perdida.

Eu era sempre devota e percorria com frequência as catorze estações da  via crucis. Depois que decidi
receber o véu branco, minha fervorosidade aumentou. Na minha ânsia de ser santa o bastante para ser 
digna de me tornar a noiva de Cristo, comecei a percorrer, engatinhando, as estações da via crucis, toda
sexta-feira. É claro que eu pensava que isso me aproximaria mais de Deus e me prepararia para atingir
os objetivos que tinha planejado.

Meu coração estava sendo invadido com a ingênua certeza de que as falsas metas que tinham me 
ensinado iria agradar e honrar a Deus em minha vida. Ano a ano, centenas de meninas inocentes caem 
nessa conversa, todas com um brilho no olhar e um desejo de dar seu coração, mente e alma em favor de 
uma causa nobre, e orar pela humanidade perdida.

Na cerimônia de casamento, as freiras são tratadas como mulheres casadas. Éramos ensinadas que nossa
família seria salva se continuássemos a viver no convento, servindo ao sistema católico romano. A
preocupação das crianças com seus familiares, especialmente com os errantes, é geralmente usada pelos 
padres confessores como pretexto para convencê-las a entrar na vida religiosa. Quando criança, eu
enxergava meu padre confessor como sendo Deus, e outros com quem conversava faziam o mesmo. Isso dava a ele um tremendo ar de poder e influência. Eu pensava que ele era santo e infalível, totalmente 
incapaz de mentir.

Após ter recebido o véu branco, tudo continuava o mesmo: encantador, religioso e bonito. Todos eram 
bons para mim. Enquanto fiquei na ordem aberta, não vi nada que me fizesse acreditar que as coisas 
mudariam. Nenhuma jovem tem contato com o sacerdote antes dos vinte e um anos, mas eu não sabia de
nada   disso  porque   tudo   era   cuidadosamente   escondido   e   encoberto.   Não   havia   nenhuma   pista   que fizesse alguém suspeitar do que está por trás do manto negro e das portas trancadas daquele convento de clausura.      

Depois de começar a usar o véu preto, foi-me permitido receber uma carta por mês da minha família,
assim como mandar uma para eles. Eu sabia que muito do que escrevia era censurado pela Madre
Superiora, que lia todas as correspondências que chegavam e eram enviadas. As cartas que chegavam de
casa para mim sempre continham trechos apagados com tinta, que não sobrava praticamente quase nada
para ler. Eu chorava e ficava preocupada quando via todos aqueles trechos apagados, tentando adivinhar
o que minha mãe estava querendo me dizer, porém não tinha mais como saber.

Ninguém que está preso dentro daqueles muros pode sair para contar o lado horrível da história. Os
sacerdotes vão dizer veementemente que isso não passa de bobagem. Vão dizer que em qualquer lugar
deste mundo as irmãs podem sair do convento quando quiserem. Isso é mentira! Eu fiquei de boca
fechada por vinte e dois anos e tentei de tudo para escapar. Cheguei ao ponto de levar colheres para os
porões e cavar desesperadamente naquele chão sujo, tentando achar uma saída. Por que uma colher? 
Porque todas as outras ferramentas são escondidas ou cuidadosamente supervisionadas. Elas são usadas
para cavar os túneis e as câmaras subterrâneas. Os conventos são construídos da mesma forma que as 
prisões, para impedir que as freiras escapem.     

Próximo   dos   meus   dezoito   anos,   a   Madre   Superiora   começou   a   fazer   a   minha   cabeça   outra   vez.
Lembrem que essas mulheres cruéis são cuidadosamente selecionadas e treinadas para este trabalho. Eu
estava fazendo planos de sair do convento depois de receber o véu branco, e tornar-me uma freira do
sistema católico romano. No entanto, ela tinha notado a minha persistência e devoção, e então me 
chamou no seu escritório, para uma conversa.

"Charlotte", ela disse, "Tenho te observado. Você tem um corpo forte e a devoção necessária para uma 
boa freira, uma freira de clausura. Acredito que você é daquelas que está disposta a não voltar mais 
para casa, abandonar o mundo e ficar isolada atrás das portas do convento. Acredito que você tem 
disposição de se sacrificar e viver em extrema pobreza, a fim de que esteja capacitada para rezar pela 
humanidade perdida. Acredito que você tem disposição de sofrer para alcançar tudo isso."

Nós éramos constantemente ensinados que nossos entes amados, tanto os vivos quanto os que estão no
purgatório, seriam logo resgatados por causa do sofrimento das freiras neste mundo. A Madre Superiora
tinha observado que eu estava disposta a sofrer sem murmurar ou reclamar, por isso ela teve a ideia de 
que eu recebesse o véu preto. É claro que eu não tinha a menor ideia do que faziam ou como viviam as 
freiras de clausura, então ela começou a me falar sobre este assunto.        

A Madre Superiora me disse que, na clausura, eu teria que dar meu próprio sangue, assim como Jesus 
fez no Calvário. Eu teria de estar disposta a suportar duras penitências e a viver em extrema pobreza o 
resto da minha vida. Eu já estava vivendo na pobreza, mas se tudo isso me tornasse mais santa, fizesse
eu me aproximar mais de Deus e ser uma freira aperfeiçoada, eu pensava que valeria a pena aceitar esta
inevitável pobreza, seja como fosse.     

Dois meses antes do meu 21° aniversário, fui chamada no escritório da Madre Superiora, onde papéis
me foram mostrados, os quais diziam que eu deixaria toda a minha herança para o sistema católico
romano. Os sacerdotes trabalham duro a fim de atrair para os conventos garotas de famílias de classe
alta, pois o sistema será enriquecido com a herança delas. Eu disse à Madre Superiora que precisava de 
mais tempo para pensar sobre o assunto.

Por dois anos, eu considerei seriamente a questão. Se eu fizesse os votos perpétuos, isso significaria
ficar trancada em um convento de clausura, e lá toda a minha vida pertenceria a Deus. Eu seria alguém
de estudo, devoção, meditação e oração. Sendo assim, eu estaria capacitada para ganhar muito mais
almas para Deus, pois teria mais tempo para rezar. Eu aceitava e acreditava em tudo o que disse a Madre
Superiora. Um dia, informei a ela que tinha decidido ingressar na clausura.      

Para começar, tive que ficar nove horas deitada em um caixão, com vistas a morrer para o mundo. Agora
que estava confinada na clausura, eu nunca mais veria meus parentes, nem voltaria para casa. Desistir de 
tudo que amava no mundo era um preço muito caro a ser pago por uma garota de vinte e um anos, mas 
que tinha de ser feito, para que almas fossem ganhas para Deus. Eu estava usando um vestido de veludo 
vermelho escuro para a cerimônia de casamento, que foi realizada pelo bispo. Tanto o vestido quanto o
caixão tinham sido feitos pelas freiras de clausura.    

Eu sabia que, quando saísse daquele caixão, nunca mais veria ou teria alguma notícia da minha família; 
que nunca deixaria o convento; e que seria enterrada lá quando morresse. Caminhei em direção ao
caixão, e entrei nele. Duas freiras cobriram todo o caixão com tecidos pretos cheirando a incenso. 
Pensei que certamente eu ficaria sufocada. De um lado da sala, estavam as costumeiras imagens, e, do
outro, sentados, a Madre Superiora, as freiras e os sacerdotes. Fiquei deitada nove longas horas no 
caixão. Durante esse tempo, eles ficaram cantando e me vigiando constantemente.

O único propósito de ficar no caixão era para aprender a odiar minha mãe, meu pai e todos os laços 
terrenos - tudo por amor a Deus. Eu deveria esquecê-los, odiá-los, eliminá-los completamente da minha
vida, do meu coração e mente. Tudo isso era para me capacitar a ser uma melhor esposa para Deus.  

Deitada lá, lembrei da minha infância em casa. Lembrei dos vestidos que minha mãe tinha feito para
mim, mas que eu nunca mais voltaria a usá-los. Pensei nas comidas deliciosas, nas camas aconchegantes
e   em   tudo   que   tinha   tido   numa   vida   familiar   rica   e   abundante.   É   claro   que   eu   chorei   e   pranteei amargamente quando meu coração doeu pelos entes queridos que eu jamais voltaria a ver. Foi uma experiência angustiante, pois acho que eu nunca tinha amado eles daquele jeito.

Deixei sair todas as lágrimas que havia  em meu corpo. Era tão difícil  desistir de tudo. Na minha
angústia e aflição, estremeci e gemi até não haver mais lágrimas para rolar. Depois de muitas horas
nesta situação, recuperei um pouco da minha compostura. Disse a mim mesma: "Charlotte, você vai ser 
a melhor Carmelita que já houve, pois tanto fora quanto dentro do convento você sempre fez o seu 
melhor."

Quando a prova finalmente acabou, ouviu-se um sino e duas freiras imediatamente tiraram as cortinas
pretas de cima do caixão. Quando saí dele, fui conduzida para uma sala, onde tive que fazer os votos
perpétuos de pobreza, castidade e obediência. A Madre Superiora fez um furo na minha orelha e tirou
sangue, pois eu tinha que assinar com o meu próprio sangue.

Jurei estar disposta a viver em extrema pobreza para equilibrar a minha vida, embora eu não soubesse o
que isso significava. Em seguida, fiz o voto de castidade, pelo qual eu seria obrigada a nunca me casar,
já que agora eu era a esposa de Deus, em virtude da cerimônia de casamento realizada antes. E então 
veio o mais rígido de todos: o voto da obediência. Prometi obediência absoluta e inquestionável ao
Papa, a todos os prelados da hierarquia do catolicismo romano, à Madre Superiora e a todas as regras do  convento. Eu era totalmente ignorante sobre quão amplas eram essas promessas e não fazia a menor
ideia das coisas às quais estava me submetendo.

Após eu ter assinado os votos, a Madre Superiora cortou todo o meu longo cabelo com uma tesoura. Ele seria vendido para quem pagasse mais, pois o cabelo humano custa caro. Eles comercializam tudo. Isso  explica a inacreditável fortuna da igreja. Depois de cortar meu cabelo, ela pegou uma tosquiadeira e me  deixou careca. A cada dois meses, pelo resto da minha vida, a tosquiadeira passaria pela minha cabeça, a  fim de me deixar careca. A pesada cobertura da cabeça das freiras incomoda bastante se elas não cortam o cabelo. Além disso, não havia tempo nem condições de lavar o cabelo nos conventos.

O próximo passo para me alienar e confundir foi o abandono do meu nome completo de família e a sua
substituição pelo nome de uma santa padroeira. A Madre Superiora salientou que, embora eu não fosse 
santa o bastante para estar na presença de Deus, eu poderia sempre rezar para a minha santa padroeira, 
que ela intercederia por mim e levaria as minhas orações até Deus. Aceitei tudo isso como verdade
porque não conhecia nada melhor. Depois disso, se alguém no convento perguntasse por mim pelo meu 
verdadeiro nome, eles responderiam que não havia ninguém ali com aquele nome.

A seguir, a  madre leu esta declaração:  "Assim como Jesus sofreu aqui na terra, nós, como freiras, 
também temos de sofrer. Devemos viver como mártires no convento. No Monte das Oliveiras, Jesus 
chorou 62.700 lágrimas por você e eu. Ele derramou 98.600 gotas de sangue por você e eu. Ele recebeu  667 golpes em seu corpo, 110 no rosto, 107 no pescoço, 180 nas costas, 77 no peito, 108 na cabeça e 32  no lado. Cuspiram 32 vezes no seu rosto, puxaram a sua barba muitas vezes e o jogaram 38 vezes no  chão. Por causa da coroa de espinhos, Jesus teve 100 ferimentos. Ele rogou 900 vezes pela nossa  salvação e percorreu 320 degraus para carregar a cruz até o Calvário."  Eu acreditava em todas essas mentiras religiosas, que anos depois descobri terem sido inventadas por um Papa corrompido.

A última declaração que ela leu dizia: "Você receberá plena indulgência pelos seus pecados e escapará 
totalmente dos sofrimentos do purgatório. Será recompensada como os mártires que derramaram seu 
sangue pela fé." Ela disse que, se vivêssemos no convento sem violar uma regra, não iríamos para o
purgatório ao morrer, mas iríamos diretamente para estar com Jesus. O que ela não nos disse é que é 
humanamente impossível viver em um convento sem violar as regras.

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